quarta-feira, 28 de maio de 2008

Porquês Existenciais, Paralisantes e as Questões Permanecem..

Perguntarmos os porquês da Natureza e da vida que nos cerca, bem como os porquês existenciais, éalgo próprio de ser humano. Essa curiosidade e o desejo de descobrir o funcionamento das coisas, os porquês das regularidades– e irregularidades – na Natureza e na vida humana nos levaram ao fantástico cabedal de conhecimentos científicos e tecnológicos de que hoje dispomos.
Se Isaac Newton não se tivesse perguntado por que a maçã caíra em sua cabeça, talvez não tivessedescoberto a lei da gravidade. Os porquês existenciais criaram a Filosofia, a Psicologia e a Psicanálise. Outras ciências humanassurgiram pelo mesmo motivo: com os homens se questionando.
Essa curiosidade levou a humanidade a evoluir, na busca de conhecimentos e de soluções para os seus problemas. Entretanto, há um outro tipo de porquês que são paralisantes. Quantas vezes já nos perguntamos por que nos acontecem certas coisas que não podemos compreender e que nos trazem muito sofrimento? Por exemplo: por que a fulana me abandonou? Por que não quis casar comigo? Por que estapessoa teve que morrer? – logo agora; ou, tão moça; ou, de uma doença tão terrível; ou, de um acidente tão trágico? Ou ainda, por que esta pessoa, ainda moça, se foi, e aquela outra, tão mais velha e doente, não? Por que minha – ou meu pai – não me amou? Por que fui uma criança rejeitada? Ou, um dos porquês mais comuns: por que esta pessoa, tão boa, tão honesta, está passando por este sofrimento, enquanto aquela outra, tão má , está numa boa? E assim por diante... Estes porquês, ao contrário dos anteriormente citados, são paralisantes. Simplesmente, porque para eles não há resposta. Não temos como saber. Só Deus tem estas respostas, e nos é vedado saber o porquê de nossos destinos, ou, para quem não crê em “destino”, de determinados acontecimentos em nossas vidas, que nos causam dor. Eu os chamo de “paralisantes”, porque eles nos levam a lugar nenhum.Ficamos “amassando barro”, em círculos, sofrendo, sem poder avançar. Na vida há que aceitarpelo menos uma coisa: não há resposta para todas as nossas perguntas. Ponto.E com isso temos que conviver, queiramos ou não. É um fator limitante. Não há como desmancharmos isso: somos limitados, não podemos tudo, nem sabemos tudo.
Há, porém, uma luz no fim do túnel: é possível – já que necessário – conviver com esta limitação. Nosso aparelho psíquico tem a capacidade de conviver com a falta, com os limites, com o mistério. Isso posto, o que podemos fazer a respeito? Uma saída é aceitar que há limitação e que há perguntas para as quais jamais teremos resposta. Outra saída é fazer outro tipo de pergunta: qual a minha implicação no mau relacionamentocom meu cônjuge, meu chefe, meu vizinho?Que sinais eu não soube ler – ou, não quis ler – no relacionamento rompido ou fracassado? Será queele (ela) nunca demonstrou que não correspondia às minhas expectativas? Será que aquele que é tão correto, tão honesto não errou confiando demais no sócio que deu o desfalque? Será que poderia – ou deveria – ter tomado precauções? O reconhecimento de que temos responsabilidade frente ao acontecido, vai nos abrir novas oportunidades de refazer a vida, principalmente fazendo com que saiamos do lugar de vítima em que nos colocamos ao fazer essas perguntas paralisantes. O que eu posso fazer para reorganizara minha vida, agir com mais cautela, com mais sabedoria, no futuro? Esse tipo de pergunta vai gerar movimento em nossas vidas, vai gerar mais flexibilidade, um olhar relativo às questões que surgem. Podemos sempre girar o ângulo de nossa ótica sobre o mundo, descobrindo novas facetas que nos darão mais espaço de ação, ao invés de ficarmos paralisados. O principal é sairmos do lugar de vítima, ou da impotência a que muitas vezes recorremos, e nos
posicionarmos de forma saudável, e responsável, perante as tribulações. Se estamos implicados no que nos aconteceu, também estamos implicados em achar as saídas para a superação dos nossos problemas.

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