terça-feira, 27 de abril de 2010

E o resto?

Certo e errado é aquilo que é unânime entre meia dúzia de pessoas.
Certo e ser gentil,
respeitar os mais velhos,
seguir uma dieta balanceada,
dormir oito horas por dia,
lembrar dos aniversários,
trabalhar,
estudar,
casar e ter filhos,
Certo é morrer bem velho e com o dever cumprido.
Errado e dar calote,
rodar de ano,
beber demais,
fumar,
se drogar,
não programar um futuro decente.
Todo mundo de acordo??
Todo mundo teoricamente de acordo, porém a vida não e feita de teorias.
E o resto?
E tudo aquilo que a gente mal consegue verbalizar, de tão intenso?
Desejos, impulsos, fantasias, emoções.
Ora, meia dúzia de normas preestabelecidas não dão conta do recado.
Impossível enquadrar o que lutamos em nossa mente, o que sonhamos nisso tudo.
Sou maduros e ao mesmo tempo infantil,
por trás do meu autocontrole há um desespero infernal.
Possuímos uma criatividade insuspeita, inventamos musicas, amores e problemas
e somos curiosos, queremos espiar pela fechadura do mundo para descobrir o que não nos contaram.
E Todo o resto?
O amor é certo,
O ódio é errado.
E o resto é uma montanha de outros sentimentos,
uma solidão gigantesca,
muita confusão,
saudades de quem já partiu,
necessidade de afeto.
Todo o resto e o que me assombra.
O certo é ser magro, bonito, rico e educado.
O errado e ser gordo, feio, pobre e analfabeto,
Porque?
E o resto nada tem a ver com estes reducionismos, e nossa fome por idéias novas,
É nosso rosto que se transforma com o tempo, e nossas cicatrizes de estimação,
nossos erros.
Todo o resto e muito vasto.
E nossa porra-louquice, nossa ausência de certezas, nossos silêncios.
Também é nossos sonhos, ilusões e mundos fantasiosos que imaginamos em nossa mente
Todo o resto é tudo aquilo que ninguém aplaude e ninguém vaia, porque ninguém vê.

Um comentário:

Sharlize Prates disse...

Fala-se em certo e errado, como normas que não são existentes por si só, mas sim que as pessoas, de acordo com os seus dogmas e pressupostos de correto e errado colocaram como único a ser seguido. Com o passar dos anos esta sociedade vai se modificando, mas o que não quer dizer que as bases de certos dogmas modifiquem também, a essência é sempre a mesma, mas adaptada de acordo com determinado momento. Nós, ninguém mais do que nós (seres humanos) é quem soubemos e decidimos o que é correto ou não. E quanto ao resto??? este autor não pode referir-se ao resto como uma vastidão de sentimentos de um ser que não é reconhecido, mas sim de resto como uma camada não privilegiada de coisas certas... ou seja, os errados! aí então o resto. Eu me atreveria mais a dizer que este resto seriam todas as loucuras inconciêntes que todos os seres humanos pensam em fazer, fugindo deste "senso comum" que a sociedade nos coloca para seguirmos, o resto é a parcela "revolucionária" desta massa.